Mauro Grün fez o ensino fundamental e médio em escola
pública, Colégio Estadual Presidente Castelo Branco (Castelinho). Lembra de
muitas amizades como Luis F. Johan (lingüiça), Paulo Aires e Gavuto (Gabriel
Aires) e Tano (Luis Cristiano). Morou em Lajeado até 1984. Na adolescência
viveu momentos de grande rebeldia contra o status quo da sociedade Lajeadense e
montou uma banda de Rock com Ricardo Arenhaldt (bateria), Vico Marmitt (baixo),
Assis Barros (poeta) e guitarra solo; no repertório muito Beatles, Stones e
composições próprias. “Éramos ingênuos e rebeldes, pensávamos que poderíamos
mudar o mundo através da música”. Participamos do l Musivale (junto com Luis
Carlos Barros).
Hoje Mauro declara ter se reconciliado com Lajeado. “A
cidade tem uma ótima qualidade de vida”.
Tem o teatro do SESC e o espaço cultural Dr. Dewes. Cita como opções os
músicos e amigos Solon Chaves, Alex Lima, Max Lima e a bela voz de Cristiana
Pretto, além, é claro, de seu mano Marquinhos Grün, baterista da Orquestra de
Teutônia e professor de bateria no CEAT (como atividade curricular).
Assis Barros Filho e Mauro Grün
Com a morte prematura de Assis Barros, companheiro
inseparável de poesias, músicas e amizade, Mauro decide se mudar para Porto
Alegre para cursar filosofia na UFRGS. No seu primeiro dia em Porto Alegre
ganha o livro “Morangos Mofados” (Caio
Fernando Abreu) e a
“Metamorfose” (Kafka) de sua namorada Graça Silveira. Devorei. Voltei a Lajeado
dizendo “Paris não é uma festa” (conto de Caio).
No curso de filosofia fez muitas
amizades; Julio Bernardes, Reginaldo, Antonio Augusto Goulart, Artur (Kantiano de carteirinha), João Cleo
(grande poeta) e Renato Sartori, com quem lê Miler. Ficamos impressionados com
a força de sua interpretação do gênio de Dostoiévski. Já na aula inaugural no
curso de filosofia, proferida pelo professor Cirne Lima, ficou tudo muito
claro. “Bem vindos a Europa”, disse ele, “pois esse é o nosso nível de
exigência”. Na filosofia se impressiona com a maestria e brilhantismo do
professor Balthazar Barbosa Filho com quem estuda Descartes, História da Filosofia, Filosofia Moderna e Filosofia Analítica.
Professor Balthazar Barbosa Filho
Durante quatro anos morei numa
República, uma velha casa na Luis Afonso, cidade baixa, com mais trinta e dois
estudantes. Todos marxistas stalinistas, menos eu e o sociólogo Yuri Azeredo.
Nós cultivávamos algumas formas de anarquismo (Kropotkin). Muitas vezes as
assembleias em Casa iam até às cinco da manhã. Eu e o Yuri Azeredo não
aceitávamos o estatuto da Casa do Estudante e apregoávamos a vida comunitária
sem uma rígida divisão de tarefas. Ou seja, cada um poderia fazer o que quiser.
Na José do Patrocínio morava outro anarquista, diretor de teatro e amigo, Paulo
Flores, do grupo Oi Nóis aqui Traveis, no final eu e o Yuri acabamos derrubando
o estatuto, a vida melhorou e todo mundo começou a se dar bem.
Quando me formei em filosofia me
aproximei muito do amigo Luis Gomes, hoje editor da Sulina. Eu e o Luis Gomes
passamos por muitas dificuldades financeiras. Nos encontrávamos quase todos
dias para criticar à Escola de Oxford. Tenho saudades daquele tempo. Um dia o
Luis me aparaceu com livro a Miséria do Cotidiano do Juremir Machado e
perguntou “Mauro, ainda existem out-siders? Devorei o livro do Juremir, às
páginas pareciam ter grudado em meu peito.
Desde que retornou dos Estados
Unidos, Mauro voltou a morar com seus pais, Ilson (pigico) e Marlene. Seus
melhores amigos são Sergio Korbes (zebrinha), Lele Bosse e o artista plástico
Paulo R. Zart (Passarinho). Hoje Mauro Grün trabalha a ideia de um livro que
trata da convivência simultânea de sentimentos como solidão, disciplina
filosófica, loucura e razão. É de cunho biográfico, mas contará com citações
diretas de Descartes e Samuel Beckett (essa parte do manuscrito será submetida
a apreciação dos filósofos Hans-Georg Flickinger e Ernildo Stein.
Trata de
acontecimentos verídicos ocorridos em 1996. Morando sozinho na Oceania (seu
flatmate havia viajado para India), Mauro procura o Psiquiatra Rod Brown e
afirma estar sofrendo de um fenômeno chamado repressed memory. Os anos oitenta
e setenta passam como um filme em sua mente. Envolto em pensamentos delirantes,
o filósofo embarca para Los Angeles a procura de seu passado, é encontrado
vagando sem destino no Aeroporto, há três meses sem fazer a barba. Um
comandante da Varig o reconduz ao guichê de passagens e emite um ticket a Porto
Alegre, onde é encontrado por Marquinhos Grün.
De volta a Lajeado encontra
aquele que seria o maior amor de sua vida, Fabiana Donadel e se converte ao
Cristianismo, de volta a Australia, Mauro é internado no Perth Royal Hospital,
onde sofre um surto psicótico. Nessa época fica aos cuidados de médico budista
do Sri Lanka e o filósofo Andrew Brennan e Norva tornam-se seus melhores
amigos. O livro retrata a profunda dor de um ser humano que perde a coisa mais
importante na vida de um filósofo; a razão.
Hoje Mauro se encontra aos
cuidados do Dr. Leandro Luz e faz terapia com a Dr. Luisa Isabel D. Gimeno.
Divide o seu tempo entre Lajeado, Porto Alegre e a praia dos Ingleses, onde
mora sua filha Isabel, a maior alegria de sua vida.
É autor, entre muitos outros artigos, de
“Gadamer and the Otherness of Nature: Elements for an Environmental Education”.
Human Studies (2005) 28:157-171
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