No Brasil dispomos de uma não contemporaneidade rica e complexa no nosso relacionamento com a
natureza que permanece praticamente inexplorada do ponto de vista ético e
político. Parece existir no que poderíamos chamar genericamente de imaginário brasileiro
uma grande afinidade com questões ambientais. Existe um forte apelo à natureza
que não tem sido devidamente explorado. Pádua (1991, p. 146) observa que:
Vindo dos cronistas e da arte
colonial, passando pelo romantismo do século XIX, sob cuja influência se
formaram as representações simbólicas da independência nacional, existe uma
forte tradição que identifica o Brasil pela grandeza de sua natureza. Os
principais símbolos nacionais se relacionam com as matas, os metais, a fauna e
a flora. Esta tradição encontra forte presença também na cultura popular.
Apesar de ser um fator dificilmente mensurável em termos objetivos e tratar-se
de um dualismo bastante esquizofrênico, tendo em vista a história real de
devastação — essa tradição pode ser apontada como relevante na criação de uma
predisposição no universo mental brasileiro para o discurso ecologista. Tocando
mais especificamente no campo do político, e ligado ainda ao plano das
representações, está o fato de que o tema da natureza, e da sua destruição, tem
uma forte e antiga presença na história do pensamento político brasileiro,
estando no cerne da obra de autores como
José Bonifácio, Euclides da Cunha e Alberto Torres.
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