Possibilidades de um Brasil ecológico

on sexta-feira, 11 de julho de 2014
No Brasil dispomos de uma não contemporaneidade rica e complexa no nosso relacionamento com a natureza que permanece praticamente inexplorada do ponto de vista ético e político. Parece existir no que poderíamos chamar genericamente de imaginário brasileiro uma grande afinidade com questões ambientais. Existe um forte apelo à natureza que não tem sido devidamente explorado. Pádua (1991, p. 146) observa que:

Vindo dos cronistas e da arte colonial, passando pelo romantismo do século XIX, sob cuja influência se formaram as representações simbólicas da independência nacional, existe uma forte tradição que identifica o Brasil pela grandeza de sua natureza. Os principais símbolos nacionais se relacionam com as matas, os metais, a fauna e a flora. Esta tradição encontra forte presença também na cultura popular. Apesar de ser um fator dificilmente mensurável em termos objetivos e tratar-se de um dualismo bastante esquizofrênico, tendo em vista a história real de devastação — essa tradição pode ser apontada como relevante na criação de uma predisposição no universo mental brasileiro para o discurso ecologista. Tocando mais especificamente no campo do político, e ligado ainda ao plano das representações, está o fato de que o tema da natureza, e da sua destruição, tem uma forte e antiga presença na história do pensamento político brasileiro, estando no cerne da obra de  autores como José Bonifácio, Euclides da Cunha e Alberto Torres.


É a abertura à tradição que “nos coloca frente a todas as nossas possibilidades humanas e, desta maneira, nos põe  em contato com o nosso futuro" (Gadamer  1983, p. 101).


Trecho do meu livro "Ética e Educação Ambiental - A Conexão Necessária" 14ª Edição - Papirus Editora - p.120.

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